Há exemplos que valem por todas as manifestações que possam fazer, por todas as bandeiras que erguem em protesto. Há exemplos que são tão exemplares que deviam ser eles próprios a bandeira pela lição que ensinam. Marta Canário é um desses casos - só a forma como encara a vida devia constar dos almanaques. Ficou paraplégica aos 5 anos depois de uma intoxicação por monóxido de carbono, numa manhã normal, durante um banho quente num dia frio. O responsável foi um esquentador instalado na casa-de-banho. Desmaiou e só acordou no hospital. " Mesmo nos quatro meses que estive no Alcoitão continuei a sair à noite, a estar com os meus amigos. Acho que eles encaram tudo com uma normalidade porque eu também encarei, nunca me discriminei".
Quando se sentou pela primeira vez na cadeira de rodas a então adolescente acalentava as esperança de que não seria para sempre. Experimentou tratamentos, médicos em Portugal e lá fora, fisioterapias e medicinas alternativas. Durante quatro anos, guiou a vida da mesma forma que sempre fizera, com os amigos de sempre, na Kapital (discoteca) de sempre.
" Quando comecei a perceber que não havia evolução fui deixando os tratamentos e foquei-me na no que a vida tinha para me dar". Há mais de uma década que é acessora de comunicação na empresa onde começou. " Estar numa cadeira de rodas pode ser uma mais-valia. Porque não me deixo abater facilmente e sei relativizar os problemas ". Sabe que, acima de tudo, é mais importante agarrar os dias do que desperdiçá-los olhando para trás.
"ESTAR NUMA CADEIRA DE RODAS PODE SER UMA MAIS-VALIA. PORQUE SEI RELATIVIZAR."In " Correio da manhã "
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