quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Acreditar nos sonhos: Madalena d'Orey

"Ela canta, ela bate palmas, ela levanta o moral. Ela lembra a hora dos remédios, ela liga para as familias, ela toma as decisões do grupo. Assim é Madalena d'Orey, de 38 anos, sempre que sai em grupos com crianças. Assim foi durante 10 anos nos campos de férias da Acreditar (Associação de Pais Amigos de crianças com cancro). A ex-gestora de empresas tornava-se gestora de miudos surpreendidos pela doença.
Foi em 1993. Um grupo de pais e médicos desafiou-a a estar na equipa fundadora da Acreditar, e ela percebeu que tinha chegado o dia. Era altura de retribuir uma dávida antiga. "Tive cancro aos 10 anos." Na altura em que fiquei doente, não se falava em cancro infantil, não havia. Cancro era sinónimo de morte e, por isso, foi um verdadeiro milagre ter sobrevivido."
(...)
O convite para fundar a Acreditar fez, por isso mesmo, todo o sentido. Madalena d'Orey tinha 22 anos e achou logo que aquela associação fazia todo o sentido. (...)
Na altura em que teve o convite, Madalena tinha acabado o curso de gestão e trabalhava no Santander. No tempo livre, apoiava as crianças e as familias no Hospital. Logo depois, começou a organizar os campos de férias dos miudos e o trbalho não parou de crescer (...).
De todas as crianças que lhe passaram pela vida, é dificil destacar uma. Madalena desfia um novelo delas, descreve os seus risos, a luz do seu olhar nos momentos de alegria, a força que as fez dar a volta por cima ou a forma corajosa com que viveram os últimos dias de vida. (...)
Madalena aprendeu muito com os 10 anos de dedicação à Acreditar. (...)
Não é só o cancro propriamente dito que Madalena d'Orey trato por tu. É também a parte psicológica, o medo, a vertigem da morte ali tão perto. (...)
Durante os 10 anos em que esteve em dedicação exclusiva à Acreditar, Madalena sabia que havia de chegar o dia em que tinha de abrandar. (...)
Frederico Fezas Vital, fundador da associação Terra dos sonhos (uma associação que tem como objectivo a realização de sonhos de crianças com doenças crónicas e/ou terminais), convidou-a pra se juntar ao projecto. (...)
Apesar de estar nos bastidores, Madalena não quis deixar de participar na primeira viagem da terra dos sonhos. No natal do ano passado, viajou com 10 crianças até à Lapónia, a terra do pai natal. (...)
Madalena de d'Orey é feliz assim. A ajudar quem precisa. A realizar sonhos, sejam eles grandes ou pequenos. É a sua forma de retribuir a dádiva.
Artigo de: "Selecções", texto de Sónia Morais Santos

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